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sexta-feira, 21 de julho de 2017

O Império Ultramarino brasileiro e o reino de Angola.


Em 1822 o Brasil declarou sua independência. Hoje a história nós mostra que ela não foi tão pacífica como os livros mostravam, nem que Portugal aceitou tudo de bom grado. Tanto, que a oficialização de nossa independência ocorreu apenas em 1825, e teve uma importante mediação da Inglaterra, que além de emprestar o dinheiro para pagarmos a indenização cobrada pelos portugueses, ajudou também na elaboração do Tratado de Paz, Amizade e Aliança entre dois países. 

Neste Tratado existe uma cláusula que chama a atenção:

  • ART. III - Sua Majestade Imperial promete não aceitar proposição de quaisquer Colónias Portuguesas para se reunirem ao Império do Brasil.

Esse artigo aparece como um dos mais importantes do Tratado, que contém ao todo 12 cláusulas. Mais qual o motivo que levou Portugal à redigir esse artigo?

Alguns historiadores apontam que após nossa independência as colônias ultramarinas portuguesas através de manifestações de suas elites locais pediram ao Brasil que intermediasse a independência de seus territórios junto à Portugal. Jose Honório Rodrigues (1982) comenta que os laços de Angola ao Brasil eram maiores do que Portugal, pois os traficantes de escravos brasileiros possuíam maior relação comercial com os mercadores angolanos. 

O professor da Universidade de Brasília Jose Sombra Saraiva, em artigo escrito para a revista texto de história - A ambivalência de uma cultura: O negro no Brasil, uma perspectiva histórica (1993) também chama a atenção para este fato, de que as relações entre Angola e Brasil existiam deste o século XVI e quando os holandeses conquistaram a região, foram os brasileiros que reconquistaram Angola, mostrando a importância da feitoria para o comércio de escravo de nossa nação. O autor também comenta este fato. Seguindo a independência  brasileira , comerciantes angolanos de Benguela tentaram juntar-s e ao nascente Império Brasileiro , em movimentos políticos que balançaram Luanda e Benguela , entre 1822 e 1826 (SARAIVA, 1993).  A primeira historiara a chamar a atenção para esta ocorrência foi Nilcea Lopes Lima dos Santos através de sua dissertação de mestrado: União Brasil-Angola: Uma hipótese na independência (1979). 

A hipótese da adesão entre Brasil e Angola, de acordo com esses autores teria sido deflagrada por Euzébio de Queiroz Coutinho, pai de Euzébio de Queiroz  Coutinho Matoso Câmara (Um dos autores da Lei que proibia o tráfico de escravos). Euzébio era partidário da independência africana e sua adesão ao Brasil, por isso largou seu cargo Deputado nas Cortes para servir como procurador da coroa no Brasil. 

Tudo indicava que Angola seria anexado ao recém formado Império brasileiro. Entretanto, como Portugal e Brasil não chegavam a um acordo diplomático sobre o reconhecimento da separação e independência de nosso país a Inglaterra, que despontava como grande nação imperialista, serviu como mediadora entre as duas nações. Nesta caso, a adesão de Angola ao Império Brasileiro não atendia ao interesse de Portugal e Inglaterra. 

Desta forma, o Brasil foi obrigado a aceitar o termos, para além do reconhecimento oficial do Império como nação independente ter as garantias financeiras para pagar a indenização.