A história da
África ainda está engatinhando no Brasil, apesar dos vários estudos e dos
grandes historiadores que temos, muita coisa ainda precisa ser estudada.
Uma das lacunas e o estudo da história da escravidão negra no
mundo islâmico.
Grande parte da história da
escravidão que temos escrita está respaldada em estudos de historiadores europeus. É importante ressaltar que a escravidão em massa do povo negro começou a partir do
século XV quando Portugal empreendeu as grandes navegações e chegou à Ceuta, lá os portugueses se depararam com um enorme comércio, empreendido pelos
povos muçulmanos, entre as mercadorias comercializadas estava o negro (escravo). Entretanto, o tráfico de escravos, como conhecemos na história da humanidade ainda não existia. No comércio que girava em torno das rotas comerciais do Saara era possível comprar escravos de diversas regiões do mediterrâneo, como persas, chineses e negros, que eram vendidos como escravos.
Para entendermos o
comércio que Portugal encontrou nessa região precisamos voltar na história, até
o século VII, período da expansão islâmica. Será que a intenção dos muçulmanos
era apenas expandir sua fé, sua religião? Escritores, filósofos e historiadores árabes como Al-Fazari, Al-Bakri, Al-Istakhri, Ibn
Hawkal, e vários outros, apontam para as importantes rotas comerciais, que além de
transportar ouro, tecido e sal tinham como produto o escravo negro. Esses
mesmos autores também apontam importantes cidades, que serviam de feiras
para compra e venda desses escravos, a principal, a cidade de Zawila, no Fezzan. Dessa forma, percebemos que já havia um comércio de escravos funcionando no Magreb.
O
escravo negro no império muçulmano teve grande importância, além de trabalharem
nas lavouras, eram igualmente importantes na composição dos exércitos, Alberto da Costa e Silva (2003) salienta que em alguns momentos da história muçulmana esses exércitos formados por negros, sendo muito deles eunucos, se rebelaram contra os califados impondo sangrentas guerras. O
enriquecimento que o comércio de escravos proporcionou foi tão importante que os
califas lutavam entre si pelo domínio das rotas comerciais.
Com isto,
podemos apontar que a teoria criada pelos historiadores de que um sistema
escravista foi criado apenas no momento em que os europeus chegaram à África
pode começar a ser questionado. Neste ponto é importante mencionarmos que a escravidão interna encontrada no continente africano pelos portugueses foi totalmente diferente daquela criado durante os séculos XVI, XVII e XVIII. Segundo John Thornton (2004) o que os europeus criaram foi o tráfico de escravos, pois para sustentar o comércio movidos por eles, algumas tribos foram corrompidas e o incentivo às guerra foram dados, para que mais cativos fossem capturados.
Tem alguma dica de um livro recente, escrito em portuguê que aborde a temática?
ResponderExcluirInfelizmente ainda sou monoglota.
Abraços.
Então amigo são dois. Posso indicar dois livros maravilhosos que li e abordam o tema:
ResponderExcluirA manilha e o Limbambo. Autor: Silva, Alberto da Costa. Editora: Nova fronteira.
Africa e Africanos na formação do mundo atlântico. Autor: John Thorton. Editora: Campus.
São livros que abordam o assunto de uma forma bem simples. Este tema não é muito abordado por nossa históriografia, tem também alguns artigos na coleção da Unesco. Se você bão tiver posso lhe passar os links, estão todos em PDF. Inclusive saiu rescentemente uma nova versão, neste coleção e abordado o tema do negro através da lei 10.639/03.
Obrigado pela visita. Espero que ajude.
http://alamedaeditorial.webstorelw.com.br/products/cativos-do-reino
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir